quarta-feira, fevereiro 20, 2008


Eu abri os olhos e respirei fundo. Segurei o ar nos meus pulmões o máximo que pude aguentar. Senti aquele arrepio galgando minha espinha quando lembrei do homem bruto dormindo do meu lado. As imagens de flashback jorraram dentro da minha cabeça. Óbviamente bêbada, eu bati na mesa e levantei gritando para as minhas amigas que queria mesmo um homem rústico, forte, alto e com cara de mau. Devia ter gritado mais baixo. Um cara me agarrou pela cintura, enfiou a língua na minha boca e me beijou como um neandertal tarado. Passou pela minha cabeça afastá-lo e perguntar "Que que é isso?!" mas ele poderia gritar que isso era Esparta e me enfiar o pé no peito, então simplesmente retribuí da mesma forma e ataquei ele selvagemente. Eu estava precisando disso, sabe, de sentir a pegada mesmo. Sentir um braço forte me segurando. Não que eu não goste de romance, eu adoro, mas ultimamente todo homem que se encontra em balada é ou frouxo ou idiota. Esse negócio de mandar um amigo falar pra mim que um amigo dele gostou do que viu me embrulha o estomago. Parece que os homens de hoje perderam a masculinidade propriamente dita e trocaram ela pela chave de um carro caro ou uma carteira da Victor Hugo. Mas enfim...

Uma coisa óbviamente levou a outra e eu topei "emendar" a noite. "Ah, mas isso é coisa de vadia." Foda-se. Também não suporto mulheres que se agarram aos conceitos sociais da "moça-de-familia". Fala sério. Estamos em 2008 não em 1950. Se eu tenho vontade de dar eu dou mesmo pra quem eu quero. Melhor do que ficar reprimindo tudo e acabar sendo uma perturbada de coração partido chorando por dias quando descobrir que o príncipe encantado se encantou por outra que fazia o que eu faço. Mas voltando...

E foi muito bom. Posso poupar-lhes dos detalhes sórdidos, creio eu. Foi ótimo na verdade. Porém, partindo do fato que ele era meio feinho, vocês podem entender a sensação de acordar sóbria e com dor de cabeça num quarto de motel do lado de alguém que você não lembra o nome. E do jeito que ele era, errar o nome não seria muito salutar. Então fiz o que qualquer pessoa em sã consciência faria: tentei dar o fora. Levantei sorrateira da cama e peguei as minhas roupas no chão. Ele tinha pego um motel caro, elegante, cheio de dependências... que merda! Onde é a porra da porta de saída? Agarrada com meu tubinho preto básico e segurando os sapatos na outra mão, consegui pelo menos achar o banheiro. Coloquei a roupa em menos tempo do que meu pai levaria para perguntar: "Sabe que horas são, menina?!?". Dei aquele tapa no cabelo, peguei os malditos scarpins e voltei para o quarto. A cama estava vazia.

Então, a batida inicial da "Oh My Lover" da PJ Harvey começa a ecoar pelo quarto. Escuto o barulho da hidro a céu aberto começar a funcionar. Um braço me agarra pelo ombro e me puxa contra um tórax que parecia um paredão de concreto. Uma boca me beija a nuca e incontrolávelmente meus olhos se fecham e eu sinto parte da minha voz vazar pra fora da boca. Meus sapatos caem no chão quando minha mão os deixa contra a gravidade e vai sozinha para trás, agarrá-lo pelo cabelo.

Casamos em dezembro.
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Written by: Verônica Prata

3 comentários:

Lola disse...

AMEEEEEEEEEIIIIIIIIIII !!!!!!!

Anônimo disse...

Bom, é igual tocar guitarra... Tem que ter a pegada... hhahahahahah

Lady disse...
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