quarta-feira, agosto 26, 2009


Ódio este que talvez
de amor prejudicial que se fez
eu disse coisas para esquecer
meu olho no dele durante a partida
minha mão de culpa acometida
pôs a porta à bater.

Entumece a narina o vento
me envolve a raiva onde me sento
preenche-me o álcool do bar
sorrio para rostos que não são meus
perdão será presente de deus
piso na rua para fumar.

Das frases mal feitas da vida
as luzes dos carros na avenida
nele não acontece o ponto final
saber o que não quero
quando você todo sincero
vira notícia no meu jornal.

A culpa mais que o beijo é doce
por mais ácida que fosse
ele me foge a memória recente
ao ouvir sua inteligente besteira
molhando a boca sorrateira
quando você finge ser inocente.

É fato e por assim desigual
é uma superfície horizontal
onde a ponto de perder meus medos
me sinto morta por um triz
ouso respirar feliz
e desmaio nas pontas dos teus dedos.

Written by: Verônica Prata


Enquanto ela gira sobre os próprios pés e incansavelmente produz sons entre as frases de consequência duvidosa, ele olha para ela e tenta em vão se explicar. Não é tão fácil assim, tornar um monólogo num diálogo.

-E não é que eu não gosto que você sai com seus amigos. Eu gosto. Mas sei lá, as vezes eu não tenho nada pra fazer e quero ficar junto com você. Não que só quero ficar com você quando eu não tenho nada para fazer, mas eu sou mulher, entenda. A gente sente carência forte quando tá sozinha. Não to dizendo também que você é responsável pela minha felicidade ou ainda pelo meu tédio. Só acho que você podia estar mais presente as vezes que eu preciso.
-Baby, só imagina que...
-Eu sei! - interrompe ela - Posso parecer louca falando assim. Não louca. É querer ter alguém do lado 24 horas por dia? Não. Não é isso. To dizendo no sentido de ter uma companhia que acompanhe, sabe? Você por exemplo podia sair comigo sempre que quisesse. Eu não ia me importar. Então como você não fala nada eu não acredito que você queira. E já sei: você não quer atrapalhar quando eu saio com as meninas. Não é atrapalhar, é só esquisito mas eu não me importo. Acho que todo mundo precisa de um espaço, só queria que tivesse menos espaço entre nós. Sabe?
-Baby, eu entendo que...
-Ok! A gente não é casado nem nada. Mas a gente namora sério. E não vem com o papo de rotina que pra menina as vezes rotina é legal. Não é empurrar com a barriga como vocês falam. E eu só não fico mais do seu lado pois como você mesmo sabe, pra cada homem que se junta no mesmo bando todos os outros parecem perder uns 2-3 anos em idade mental. Põe uns dez caras juntos e vocês agem como crianças retardadas. Não que eu não me divirta com vocês, pelo amor de deus, é que as vezes a gente precisa de coisas a mais, sabe? Então é uma questão de rumo, de ter uma direção no relacionamento.
-Baby, mas eu não saio...
-Não é só sair, pelo amor de deus!Isso é só um exemplo. Não é você não gostar de atender o telefone ou beber e ficar daquele jeito. Acho que se rola um amor, um carinho, você não faria isso para não me magoar. Você gosta de mim, não gosta? Então eu não entendo suas atitudes as vezes. Não estou criticando, estou apenas comentando. Que pareço deslocada da sua vida. Sabe? Eu não quero, nossa, casar agora e ter oito filhos, mas queria poder entender o que acontece. Não sou a pessoa mais madura do mundo e também gosto de uma zoeira de vez em quando, mas tem limite. Não dá pra viver assim. Fui criada desse jeito, não vou mudar. Mas você é imprevisível e não consigo entender o que acontece na sua cabeça e se estamos no lugar certo e se vamos para um lugar certo e as vezes acordo de manhã e não consigo encontrar uma razão para eu estar com você e ...

Pouco antes de ele agarrar ela pelo pescoço com toda a força que conseguiu juntar nos dedos, bater-lhe com as costas na parede e quase deslocar seu frágil maxiliar com a própria boca, ele diz:
-Baby, shut the fuck up.