quarta-feira, outubro 10, 2007


Nós agora declaramos que as seguintes coisas são extremamente blergs e devem ser evitadas a todo e qualquer custo em ambientes de frequência pública, púbica ou pudica:

1) Jamais chame o próprio pinto de pinto. Pinto não é sexy. É brega pra caralho. Caralho, no caso, só em momentos show de bola. Bola, por sua vez, só entre os amigos num jogo de futebol. Ou pebolim. Pebolim é legal. Voltando ao assunto, nunca diga: "Chupa o meu pinto.". E não use pebolim em qualquer conotação sexual. Não importa o quanto pebolim seja legal.

2) Nunca use meias com papetes. É confortável, eu sei. Mas se mulher gostasse de pé rapado ela te beijaria descalço. E lembre-se disso. Mulher gosta de cara descalço. Não mendigo, mas também não a horrorosa situação do cara pelado de meias.

3) Não faça suas unhas. Cutícula bem feitinha e unhas delineadas são artifícios usados por homens que gostam da mesma coisa que a gente. Não, não é dinheiro, cretinos.

4) Não pergunte quantas vezes ela chegou lá. Isso mesmo que você está pensando. Afinal, se você não sabe, ela provavelmente não chegou lá e se chegou, não foi por sua causa.

5) Não deixe os pêlos do seu playground crescerem livremente, sem restrições. Apare-os sempre que eles ameaçarem a começar a cobrir um pouquinho a área principal. Revelarei um segredo que talvez alguns de vocês nao saibam ainda: aparar o fluf, dá a impressão que seu pebolim é maior. Calem-se! Eu posso chamar do que eu quiser.

6) Não diga "amor" e muito menos "mor" a la Chico Bento. Não é sexy, não é bonitinho e não é romântico. A não ser que você seja do interior de São Paulo. Aí é sexy e bonitinho. Caso contrário, só demonstra sua inteira falta de criatividade e vai causar uma contorção facial discreta na sua jovem amada, mas que quer dizer "blerg!!!!"

7) Não tente ser igual ao Colin Farrel, não vai funcionar com você.

8) Não tente chamar mais atenção que a mulher que está ao seu lado. Se ela gostasse disso, sairia com a Globeleza em época de Carnaval.

9) Seja macho e não negue seus atos. Peidou? Assuma! Mas não faça disso um hábito.

10) Talvez sua namorada goste de "brincar" com outras mulheres, talvez não. Se ela gostar, não a reprima por isso, aproveite. Se ela não gostar, termine com ela e procure uma que goste.

11) Você é musculoso? Legal, hein amigão. Agora tenha o mínimo de bom senso e não saia por aí desfilando de regata. A não ser que você esteja na praia. Ou seja carioca. Os cariocas podem. O importante é que nem toda mulher gosta de homem musculoso e você, muitas vezes, só faz papel de ridículo.

12) Não tente ser mais sexy do que você realmente é. A linha entre o sensual e o ridículo é muito tênue, portanto, deixe o olhar 43 para quem realmente sabe fazer bom uso dele.

13) Nunca cante música sertaneja achando que você vai conquistar uma mulher. A não ser que você esteja em Barretos. As mulheres que frequentam esse limbo gostam disso e merecem esse castigo por toda a eternidade. Mas se você costuma ir para Barretos, por favor, morra. A humanidade não merece ter que conviver com você. Aproveita e leva com você para o inferno todos os cantores que estiverem se apresentando por lá.

14) Seja metrossexual, mas não ao ponto de chegar em casa empolgado, dando saltinhos de alegria e querendo mostrar a camiseta liiiinda que você acabou de comprar na Cavalera. Isso é ultra gay.

15) Não vá buscar a sua namorada na faculdade, numa sexta a noite, de calça de moleton, havaianas e meias. Ela teve muito trabalho para inventar para as amigas o quanto o namoro dela é agitado e bacana e você vai jogar tudo isso por água abaixo, quando as amigas descobrirem que ela vai para a sua casa comer yakissoba e assistir Globo Repórter, até você começar a roncar no sofá. Na verdade, não use calça de moleton em público nunca. Mais uma vez: é confortável, eu sei. Mas só demonstra que você é preguiçoso o suficiente para não vestir uma calça jeans.

16) Não use ringtones no seu celular com uma voz de mulher dizendo "atende, gostosão", ou qualquer coisa do gênero. Exceto se você for corinthiano. Aí você até tem uma explicação plausível para ser cafona a esse nível.

17) Se você não for gay, não dance axé. Nem funk. Nada neste mundo broxa mais uma mulher do que um cara suado, rebolando com a bundinha empinada ao som de "toma, toma, toma". Quer dizer...calça de moleton e papete com meia talvez sejam.

Written By: Kátia Madalena

terça-feira, outubro 09, 2007

Eu preciso parar de beber. Sério. Mesmo que digam que minha personalidade desinibida e inconsequente seja fruto direto do álcool. O que vocês acham?

Eu digo isso pois parece que só consigo dizer o que eu digo e fazer aquelas coisas sem noção que eu faço quando eu estou retardado. Não sou alcoólatra, afinal, só bebo quando eu saio para a balada. E sempre saio sozinho, vocês sabem. Assim se eu porrar o carro por dirigir um Fiesta achando que é uma McLaren a culpa é minha. Brincadeira, eu dirigo direitinho. Juro. Mesmo quando a peolha reclama que eu não paro em farol vermelho. Mas voltando ao assunto, eu assumo que tenho um vício: beijo na boca. Acho que é a adrenalina da conquista, o frio na espinha quando você está a 2 centímetros de uma pessoa nova, o papo de horas antes, provocando reações numa orgia psicológica que entorpece seus sentidos e faz você sorrir sem querer. Por isso que o álcool ajuda. Não por tornar as pessoas mais bonitas, mas as tornam mais interessantes. E não pergunte por quê de repente eu estou tendo crises de lei-seca. Eu explico.

-Tem algo nos seus olhos que eu adoro. Que desperta em mim um certo tipo de felicidade que só existe em filme P&B.
-Mesmo? - disse ela sorrindo para mim, dobrando o rosto para o lado em falsa inocência. - O que você vê?
-O meu reflexo. - e abri um sorriso sarcástico.
-Haha, seu narcisista. Você acaba de me dar um motivo a mais para não te beijar.
-Eu sei, você vai fechar os olhos se fizer isso. Mas, você também pode me beijar de olhos abertos se quiser.
-Desculpa, mas eu não faço isso. Aliás eu tenho certeza que você também não faz. - ela me olhou daquele jeito maldito. O jeito que me faz esquecer que eu sou arrogante e orgulhoso. Aquele jeito quando uma mulher te olha e você escuta sua boca proferir que quer você, sem dizer uma palavra. Você e só você, mais ninguém naquele momento impecável. Aquele punhado de segundos que precedem um beijo histórico.
-Não tenha tanta certeza mulher, afinal só existe uma coisa melhor do que um bom beijo.
-O que? - ela perguntou baixinho, me olhando de baixo para cima, se aproximando da minha boca em bullet-time.
-Dois. - agarrei ela pela nuca e mordi de leve seu lábio inferior, soltando rapidamente e voltando lentamente com a língua por entre seus lábios. Meu coração disparou. Senti seu corpo coberto por um leve vestido decotado sorver o calor da minha pele. Da minha boca. Agarrei-a pela cintura com o braço esquerdo, envolvendo-a toda em mim. Ela tinha razão. Eu fechei os olhos.
-Você anda tomando muito uísque. - disse ela baixinho com um risinho sobressalente. - Seu beijo tem gosto de Red Label.
Eu ri junto com ela e lembrei da minha avó me dizendo que eu não deveria beber muito. Passei a mão no seu rosto e abri os olhos.

E lá estava ela nos meus braços, meiga e matriarcal olhando para mim em reprovação. Minha doce e querida avó. Afastei devagar e vocês devem imaginar a minha cara de empadinha. Quantos uísques eu tomei? Oh bom deus, por que não uma prima distante? Uma prima distante dava para encarar, mas a vó é foda...

-O que foi?! - perguntou vovó assustada. - Eu estava brincando.
-Nada. Eu acho que eu não estou legal, só isso. - fechei os olhos fortemente, implorando aos quatro ventos que vovó fosse transmutada de volta na morena de lábios Angelina Jolie que estava alí há pouco tempo.
-Que foi? Não me diga que vai dar a desculpa que está bêbado.
-Não! - disse eu abrindo os olhos novamente, tentando ser gentil. Vovó agora fazia cara de brava como quando eu fico semanas sem ir visitá-la.
-Não o que? Você não esta dizendo coisa com coisa. Se arrependeu, foi isso?
-Muito pelo contrário! Adorei! - e então a imagem do meu avô, ex-militar, fardado e com um porrete na mão veio me atingir no olho como um pai homofóbico que pega o filho brincando de urologista com o sobrinho mais novo do vizinho. - Oh céus... avô é foda.
-Avô o que?! Olha, se você vai fazer esse teatrinho ridículo como desculpa para sequer pedir meu telefone, eu vou embora.
-Eu tenho seu telefone, vó! Não! Calma! Ai caraleo...
-Hey! Como você é cretino! Eu não sou tão mais velha que você assim! Tá me chamando de acabada?
-Como se a culpa fosse minha e não do tempo!

Vovó não teve dúvidas. Jogou o copo cheio de sprite com licor de menta na minha cara, pronunciou palavras de baixo calão para uma mulher da sua idade e passou por mim em passos firmes. Eu respirei fundo e bati a cinza do cigarro contra o vento fazendo uma pequena brasa arrombar, irrefreável, minha camisa de seda vermelha e queimar meu umbigo. Olhei para dentro do copo inerte sobre a mesa e o resto de uísque solitário acenou para mim. Fui buscar um energético para fazer-nos companhia.

Written by: Vincent DeLorean

terça-feira, julho 31, 2007



Raramente eu tenho alguns minutos para pensar em mim. No que eu fiz em todos os anos da minha existência. E como a maioria das pessoas que se perdem por instantes em um flashback até agora, eu penso nelas, nas mulheres da minha vida.

Eu tive poucos relacionamentos sérios, dois apenas, bem diferentes um do outro. Uma era extrovertida, a outra bem mais tímida, porém ambas fizeram eu me sentir confortável e bem. Tivemos momentos ótimos, outros nem tanto, mas a segurança de estar nos braços delas era deliciosamente divertida.


Então elas se foram, como era de se esperar. E a solidão hipócrita me acompanhou por um tempo até que eu a conheci. Com sua estatura imponente, seus cabelos negros, sua índole inabalável. Não poderia eu nem ousar pensar em algo além do padrão social mas ela decidiu por nós dois quando forçou sua boca contra a minha a primeira vez, de repente, inusitada e espontânea. Marcando à ferro seu toque em minha consciência. Tirando-me do sério. Fazendo-me ousar tomá-la nos braços uma vez mais em meu egoísmo altruísta e morder seus lábios inconcientemente. E depois agir com a naturalidade de uma guerreira épica, indiferente, fechada, ilesa e ainda sorrindo misteriosa.


Estar do seu lado é muito diferente do que estar do lado de uma pessoa qualquer. Eu me sinto frágil, vulnerável e inocente. Ela ri e me olha de canto. Eu morro por dentro. Não passo de uma marionete dela até sentir suas unhas nas minhas costas. Então me torno indestrutível, superhumano, vitorioso e tomo seu corpo como meu espólio. Ela é minha amiga, mulher, amante, executora, amazona, nêmesis, luxúria. Ela não precisa de mim. Ela me quer quando quer. Ela não é igual a mim. É melhor.


Eu percebo ela entrando pela porta mas mantenho-me em silêncio. Ela me abraça pelas costas e sussurra algo no meu ouvido. Eu não escuto. Ela repete:
-Clark? Devemos ir agora.
-Como quiser, Diana.

segunda-feira, junho 18, 2007


Embora. É. Isso mesmo que você ouviu, maldita. Estou indo embora. Pode falar o que quiser, implorar para que eu fique, já não me importo mais. Não vou deixá-la foder com a minha vida como você fez com todos os outros antes de mim. Acabou.

Não suporto mais passar por todas essas situações vexaminosas provocadas por você, com esse sorrisinho sarcástico no canto da boca. Deveria ter te mandado à merda anos atrás, enquanto ainda tinha uma fração maior da minha vida pela frente.

Passei pela empresa e dei uma desculpa qualquer, dizendo que precisava passar uma semana fora para resolver problemas de ordem pessoal. Claro que ninguém ia questionar nada. Não ganhando o salário que eu ganho. Rá! Chamar o que eu ganho ao final de cada mês de salário, é chamar o que eu faço de emprego, como se ambos não fossem patéticos.

Uma semana. O cacete! Já era. Não volto mais. Aquela vadia acabou com qualquer esperança que eu pudesse ter de levar uma vida um pouco melhor ao seu lado.

Ainda me lembro de quando a conheci. Fiquei excitado como um moleque de quinze anos ao ver os seios de uma mulher saltando pelo decote. Seu cheiro penetrou minhas narinas à força. Prometi a mim mesmo que nunca ia deixá-la. E agora acabou. Maldita.

Rumei para o pardieiro úmido em que (sobre)vivo para pegar umas poucas roupas e enfiá-las numa mochila. Olhei para a pilha de contas cada vez maior sobre a madeira descascada da mesa da sala. Fodam-se. Não vou voltar mesmo, logo, não preciso pagá-las. Mesmo que tivesse dinheiro para isso. Passei pelo banheiro para olhar meu rosto naquele espelho manchado pela última vez. Nunca entendi como envelheci tão rápido. Só pode ter sido culpa dela. Maldita.

Joguei a mochila dentro da velha picape. Percebi que minhas mãos tremiam como as de um verme alcóolatra que fica alguns dias sem beber. Ajeitei-me como pude no banco puído que já viu dias melhores e olhei o retrovisor. São meus olhos? Esses globos opacos circundados pela vermelhidão, quase saltando das próprias órbitas são meus olhos? Deus. Preciso me afastar dela. Agora.

Após alguns quilômetros na estrada, olho novamente o retrovisor, vejo aquela nuvem cinza de poluição e sei que ela está lá dentro esperando que eu volte. Pacientemente. Ela que espere. Sentada. Para sempre.

Quase uma semana depois minhas mãos já não tremem tanto. Meus olhos já não parecem tão arregalados e recuperaram algum brilho. Meus pais provavelmente já têm a certeza de que estou me drogando, embora não me perguntem nada. A única pergunta é a pior possível: “Quando você vai voltar para ela?”. Antes que possa me dar conta respondo num sopro angustiado: “Domingo”.

Eu chego à noite e tudo parece pior. Ela está iluminada, me atraindo como uma mariposa estúpida para sua luz e me recebe de braços abertos. Posso ouví-la sussurrando em meu ouvido: “Eu sabia que você voltaria para mim”. E eu concordo. Com os olhos ficando vermelhos novamente, eu concordo. Abro a janela do carro ao passar sobre um rio morto onde meu avô já pescou um dia e sinto seu cheiro. Seu cheiro novamente rasgando minhas narinas e esmurrando meu cérebro. Já era. Nunca mais vou conseguir ficar longe dela. “Eu amo você, metrópole maldita”.

Written By: Reggie Boyo

terça-feira, junho 12, 2007



Eu olho em volta e não consigo enxergar exatamente qual o sentido de tudo isso. Da necessidade de acordar cedo e trabalhar muito para se ter respeito ou de comprá-lo com muito dinheiro. Da necessidade de se encaixar num padrão social distorcido que um dia inventaram. De fazer o que é certo mesmo sabendo que foi um grupo de humanos normais que decidiram o que é o certo em si. E eles também erram. É como se a minha vida fosse regida pela rotina tediosa que a sociedade impõe, mas escutando aquela voz no fundo da cabeça dizendo que isso não está certo. Como se meus dias fossem narrados pela espontâneidade sinistra de Christopher Walken.

Tenho quase certeza. Quase. De quando eu chegar no fim da minha vida eu vou me arrepender de não ter feito um monte de coisas. De não ter chutado um monte de gente da minha vida pois eu sou um palhaço de coração mole que quer agradar todo mundo sem esperar nada em troca. Pois isso que me ensinaram. Que dar sem querer receber é honrado, nobre, altruísta. Tenho certeza que no fim vou perceber que tudo o que fiz, fiz por ser um idiota que acreditou numa ideologia falha. Quando meus melhores momentos forem apenas lembranças distantes. Quando eu estiver velho e cansado como Christopher Lee.

Tudo não vai passar de um conjunto de momentos que foram interessantes naquele momento específico e depois se tornaram motivo de piada. Como se eu não tivesse existido e sido um sucesso um dia, como se um dia pessoas não tivessem me adorado, me amado, me chamado por elogios diversos. Eu serei esquecido, eventualmente, por tudo e por todos. Afinal é assim que o mundo funciona para a enorme maioria da população. Você tem seus momentos bons, mas eles só afetam um punhado de pessoas que não se importam de verdade com a sua existência mal atuada, no melhor estilo de Christopher Lambert.

Mas ainda há tempo! Para todos nós, acredito! De mandar todo mundo se foder e se dar bem com isso. Falar o trivial para despertar um sorriso numa pessoa que você gosta, de trepar a noite inteira com aquela outra que você admira, de olhar pra sua cara preguiçosa no espelho e sentir que você é a única coisa no mundo que importa, pois só você vai estar do seu lado nos seus piores momentos. Usar as mazelas do mundo como escada para se destacar, ser feliz e ainda rir muito com isso. Como Christopher Rock.

Que assim seja, então! Chega de criancisse, de pessoas que se apóiam em imagens fúteis e aparências decadentes para ter seus minutos de fama vã. Chega de adular o bando de palhaços que me adicionam no Orkut para se sentirem cheios de amigos ou aqueles que querem saber o que eu faço da vida por acreditar que é o trabalho que molda a pessoa. Eu sou aquele que enxuga as minhas lágrimas, que paga minhas contas, que beija minhas mulheres e que ri do mundo enquanto ele bate na minha cara. Seja mais você pois eu certamente sou mais eu. E se vocês se sentirem mal com isso, que meu círculo social se parta ao meio e morra. Como Christopher Reeve.

terça-feira, maio 22, 2007


E lá estava eu, sorrindo como se tivesse feito clareamento dentário com desconto, adentrando a mesma espelunca de sempre, numa sexta feira dessas. Desssa vez deixei o terno em casa, estava usando aquele casaco preto de fundo vermelho escuro, que vai até o joelho. O lugar estava como sempre, cheio de criaturas esquisitas, sujo e bem animado.

Cumprimentei algumas figurinhas marcadas no caminho de praxe até o balcão e acenei para o barman. "Mojito!", gritei eu assim que ele prestou atenção em mim. Atendimento VIP. Em menos de um minuto recebo meu copo bem cheio do bom e velho Red Label. Na verdade acho que o cretino só me entendeu da primeira vez que eu entrei e apontei para a garrafa por causa do barulho. Depois disso ele se permite assumir. Se eu chegar hoje e pedir a mãe dele mal passada com cebolinha e coca-cola, o puto me traz um Red Label. Enfim, primeiro gole bem dado, para desinfetar a garganta e notificar o fígado que ele vai ter de fazer hora extra, quando eu olho para o lado e vejo uma mulher acenando para mim, sedutora, com o indicador minhocando frente ao rosto a me chamar para perto dela. Olhei para dentro do copo e para o relógio para checar se eu não tinha passado por um lapso de memória como de costume. Olhei para os lados e para trás para ver se era comigo mesmo e até perguntei pro barman se ele também estava vendo uma mulher sozinha na mesa me chamando. Ele me trouxe outro Red Label.

Não vou mentir dizendo que ela era linda, não era. Mas estava muito bem vestida, com uma dessas roupas de marca combinando com o sapato e etc.. Seus cabelos ruivos escorrendo pouco abaixo da altura do ombro, mal escondiam o rosto de vinte ou vinte e dois anos, adornado com um minúsculo piercing de brilhante no nariz. O batom roxo escuro e o perfume seco combinavam com o lápis contornando seus olhos. Sentei-me ao seu lado, coordialmente, deixando um dos copos na frente dela. Ela começou o diálogo perguntando: "Você gostaria de me beijar?" eu dei uma tossida leve e olhei para os lados procurando a câmera escondida. Não encontrei então respondi da forma mais direta possível:
-Macaco gosta de banana?
-Como assim? QUe papo é esse? Como eu vou saber? - exaltou-se.
-É uma expressão. Algo como "Claro que sim!".
-Claro que o que? Você me achou uma macaca? Quer me dar a sua banana? - começou a ficar brava.
-Não! Eu disse macaco. Com "o". Mas esquece. Claro que eu quero um beijo seu.
-Fala sério... eu me abro em sorrisos e você vem com um papo Discovery Channel. E agora quer beijo.
-Bom, eu não vou fazer nenhuma dança do acasalamento, então beijo é legal.
-Você acha que eu sou algum tipo de cadela pra você tratar assim, é?!?! - ficou puta.
-Caraleo... achei que a gente tivesse falando de macacos. E meu beijo?
-Olha, desculpa querer ser legal com você, tá?! - levantou e foi embora levando meu segundo uísque.

Acendi um cigarro enquanto olhava para ela indo embora e pensando que as pessoas perderam muito o senso de humor. Quase ninguém hoje em dia consegue beijar sorrindo ou falar besteiras de amor por brincadeira. Todo mundo leva tudo muito a sério. Tudo é muito plástico, artificial. Beijar alguém na balada é quase como tomar um tang por 50 centavos na barraca de hot-dog da esquina. Perguntei pro barman o que ele achava de tudo isso.

Vocês sabem o que aconteceu.

Written By: Vincent DeLorean

segunda-feira, maio 21, 2007


Eu não tenho certeza que posso viver de música e poesia, todos me dizem que não mas eu não me importo, o mundo não é tão feio assim, ou é? Ou eu que estou ficando doente. Como uma amiga me disse, a coisa mais doente está na mente da gente. E se eu me apaixonar de novo? Daí então fodeu. Uma hora ou outra vou chorar. Porra, mas e daí? Eu não tenho medo de chorar. Ou tenho? Mas eu não estou com cabeça para um relacionamento agora. Estou sem dinheiro e sem estrutura para me manter. Claro que eu quero colo e toda a parte social e física, mas não posso. Por que mesmo que eu não posso? Na teoria o mundo gira em torno do mesmo eixo e assim a vida também pode girar ao meu redor. Certamente. Ela gira a meu redor. Ou não?

Não acho que sei o que eu estou fazendo exatamente a cada dia que passa, a não ser exacerbar a certeza de que eu estou ficando velho e não vivi o suficiente ainda. Mas se eu vou viver 100 anos, ainda nem cheguei no primeiro terço da minha vida! Claro que eu posso ser atropelado amanhã, mas isso é bem raro de acontecer. Não é? Eu olho para atravessar a rua sempre! Droga, e se eu for mesmo atropelado amanhã? Será que eu vivi o suficiente? Tive momentos ótimos na minha vida, mas não sei se posso fazer um Top 5. Será que vai doer? Será que eu não desperdicei um grande amor ou uma chance de ganhar na loteria? Eu costumo muito sofrer de véspera. Isso é ruim, não é? Ou não?

Mas se devemos deixar a coisa rolar e o destino nos guiar, isso não nos tira o poder de escolha? Mas se nossas escolhas já estão programadas ou algo do gênero, por que raios temos que enfrentar a experiência? O que importa é o destino ou a jornada? A jornada claro. Mas se você não chega em lugar algum, a jornada não é completamente perdida? E se o caminho todo for circular e sua vida é uma música presa em repeat eterno? Isso é um pensamento realista? Horroroso? Ou não?

Eu acho que eu tenho certeza que se pode viver então de música e poesia.

quarta-feira, maio 09, 2007


Não lembro direito como eu a conheci, mas eu lembro da primeira vez que ela encostou as unhas afiadas no meu peito. Da primeira vez que ela suspirou uma besteira erótica no meu ouvido. Da estática corrente nascendo do atrito dos meus dedos em suas costas nuas. A melhor noite da minha vida.

Não sei se foi por causa da sensação ébria da bebida ou aquela sensação de briga de egos quando se está com uma mulher na cama e você quer provar para você mesmo que pode fazer melhor. Quando você quer impressionar e ela também. Daí a coisa toda começou a ficar violenta e eu não consegui parar. Ela me mordia e arranhava e comprimia meu corpo contra o dela, gemendo palavras sobre amor, paixão de longa data, devoção. Eu pedi para ela parar mas ela continuava, cada vez mais forte, entorpecendo meus sentidos e literalmente tirando-me fora de sintonia. O orgasmo mútuo veio junto com minha assinatura púrpura em volta do seu olho.

Eu fugi de alguma forma, entre a sensação ardente do sexo selvagem e a vergonha de ter batido nela, sentindo a adrenalina cuspindo ácido dentro das minhas veias e implorando por mais. A sensação de poder misturada com o medo e o vício de querer mais é a pior droga do mundo. Como um parasita num corpo perfeito. Ainda sentia o gosto do suor dela na minha boca quando o telefone tocou, carregando a voz dela, perguntando por que eu tinha ido embora.

Ela disse que me amava. Que o que eu tinha feito não era nada comparado àquilo. Que amor verdadeiro é o amor cruel, se não machucar, é coisa de criança. Que eu não havia acertado seu rosto, eu havia acertado seu coração. E como se amor para ela fosse um esporte, ela me pegou pela garganta, enfiando as pontas dos dedos no meu rosto e mordeu meu lábio inferior como uma ave de rapina. O gosto do sangue me tirou do sério.

Sexo. Em sua forma mais psicótica e visceral. Não eramos mais humanos. Éramos animais que nunca tinham sentido prazer comparável com aquele. Sexo, não. Uma foda surreal, uma trepada cósmica. Não existem adjetivos para descrever o que ela me fazia viver, explorando meus cinco sentidos como se tivesse lido um detalhado manual sobre eles. E falando, incessantemente, que me amava. Que eu era dela. Que ninguém mais ia tocar meu corpo. Que eu podia rasgar meu RG que eu havia perdido a identidade pessoal. Eu era dela. E o pior de tudo é que ela tinha razão.

Estamos juntos ha quase um ano. Quando ela me beijou pela primeira vez eu me entreguei a uma briga que ninguém pode vencer. É engraçado como nos entregamos fácil para uma vida de servidão, como um escravo, mesmo que sua mente diga não, seu corpo ri na cara dela. Num relacionamento que só vai machucar e você se joga de braços abertos. O mistério do comportamento humano só assusta mesmo quando você está comprimido sob o poder físico de uma mulher.

Destruição dos meus nervos, acrobacias que nunca pensei ser capaz de fazer, sem piedade, sem fé, sem futuro. Amor verdadeiro é amor cruel. Nada para se orgulhar.

Mas tudo por um final feliz.

segunda-feira, abril 16, 2007

Tenho quase certeza que foi o mentolado gosto da pasta de dente afixado na sua língua que me deixou enjoada o resto do dia. Naquele beijo sobre o sorriso opaco antes de sair de casa. A promessa de um mal presságio cultivado pela rotina ignorante dos nossos dias mais felizes. Eu nem havia levantado da cama ainda quando o telefone tocou.

Eu não perguntei seus motivos, nem questionei as razões da covardia plácida de dizer para mim ao telefone que não aguentava mais. Que não mais se sentia vivo. Que iria embora. Eu ri. Afinal, pelo menos ele não havia saído para comprar cigarros e materializado a profecia urbana. Se não me engano eu deixei o telefone cair. Batendo forte no chão, junto com meu corpo. Uma sensação de liberdade e excitação explodiram dentro de mim. Eu sorri complacente e o mundo todo ganhou outra coloração. Eu estava feliz pela primeira vez em muito tempo. Realmente feliz.

Não peguei nada do armário ou lembrei de trancar a porta ao voar para fora de casa. Daquele lugar maculado onde tanta coisa negra vivia. E atravessei a rua, atravessei o medo, bebi a incerteza com gelo e vodka e música. Caminhei saltitante pela estrada solitária em direção ao mundo sem paranóias, sem análises, sem neuras e principalmente sem lágrimas. Sem as promessas sem propósito.
E ao final desta estrada eu percebi exatamente quem eu era, eu me reconheci no reflexo balbuciante desenhado no espelho.

Eu não estava feliz. Eu era a felicidade.
Eu não estava alegre. Eu era a alegria.
Eu não estava bem. Eu era uma farpa da onipotência divina.

Ganhei minha liberdade quando larguei aquele corpo aos prantos no chão do quarto, para nunca mais voltar.

Written by - Verônica Prata

domingo, abril 08, 2007

Dentro dos vários anos que eu já vivi, pisando nessa terra, eu posso dizer que não senti isto muitas vezes. Talez eu tenha me enganado algumas delas, sob os homéricos porres de uísque ou sob todas as vezes que me peguei usando a tecla "backspace" para apagar alguma memória obscura. Sabe aquele balançar de pernas, o jato de adrenalina quando ela chega próximo demais de você, a sensação de perder os sentidos quando ela pronuncia seu nome em público?

O inferno era o mesmo de sempre quando ela aportou e olhou no meu rosto, como se me conhecesse ha anos. Como se soubesse o jeito que eu gosto de ouvir meu nome ser pronunciado. E daí pra frente o clichê horrendo de tudo aquilo que eu não suporto ver ou ouvir em tudo quanto é midia de massa ocorreu sem o mais sutil preconceito. A troca de olhar padrão, os momentos perdidos. Tudo aquilo que todo filme da Meg Ryan tem pra oferecer. E eu sorri. Espontêano.

Na última tropeçada sem querer eu relei meus lábios nos dela e ouvi o anjo dizer para me afastar, para evitar a rejeição, para assumir minha tenra covardia e colocar-me no meu lugar de apaixonado platônico. Back off. Breathe. Take your time. E o diabo sentado complacente no outro ombro profere que eu deveria arriscar. Afinal, é só um beijo. O que de errado poderia acontecer? Um salto de fé. Um salto de fidelidade ao seu lado ruim. Um punhado de segundos foi o necessário para tomar distância e pular. Foda-se. O que de errado poderia acontecer?

O toque da sua pele nas pontas dos meus dedos, sua respiração ricochetiando no meu pescoço como música, seus lábios abraçando os meus como se fossem amantes milenares num conto épico de glória e vingança, seu cabelo escorrendo macio sobre minha pele áspera, dizendo aos meus cinco sentidos que eles não eram suficientes para tê-la por completo. Gritando pro mundo que nada poderia chegar aos pés da sensação iminente de um romance de madrugada. Suas pernas se perdem no limbo. Seu rosto passa a ser um reflexo surreal. Seus braços adquirem vida própria. Você não é você. Você é ela.

Horas depois, com os olhos açoitados pela luz do dia, você acorda e se coloca no lugar onde sua timidez insiste em te deixar. Seu passado espanca seu rosto como uma lembrança que você não consegue alcançar por completo. Tudo faz sentido por ter sido um sonho. Mas a incerteza rasga sua razão, afiada.

Tanto quanto os lábios dela.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Os anos passam. a idade pesa e os nomes aumentam...
Nesta altura da vida, já não sei REALMENTE mais quem sou.

Na ficha do médico, apareço como Cliente. No restaurante, sou freguês. Quando alugo uma casa, viro Inquilino. Na condução, sou Passageiro. Nos correios, sou remetente. No supermercado, sou consumidor. Para a Receita Federal, sou contribuinte. Com o prazo vencido, sou inadimplente, se não pago, sou sonegador. Para votar, sou eleitor, mas, no comício, sou massa. Em viagem viro turista. Na rua, caminhando, sou pedestre, e se me atropelam, viro acidentado. No hospital, me transformo em paciente. Para os jornais, sou vítima. Se compro um livro, viro leitor. Se ligo o rádio, sou ouvinte. Para o Ibope, sou espectador. No futebol, eu, que já fui torcedor, virei galera. E, quando morrer, ninguém vai se lembrar do meu nome: Vão me chamar de Finado, Extinto, defunto e, em certos círculos, até de Desencarnado.

E, o pior, para o Governo, eu sou um imbecil...

Written By - Lousanne Arnoldi

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Eu não me vesti como deveria naquela noite. Ou ainda, como a sociedade poderia me considerar um homem bem vestido. Eu estava sozinho, novamente. Porém dessa vez escolhi uma pocilga diferente para enfiar minha piedade ácida e diluir no conhaque as memórias de um casamento falho, de uma vida falha, de uma existência dispensável. Meu velho terno preto ainda continha as suaves marcas de bebida alcoólica do dia anterior em suas mangas, a camisa branca amassada ainda exibia todos os traços de uso constante ao redor de um corpo sem vida. Minha língua, amortecida pelo gosto viscoso da nicotina barata expelida pelos diversos cigarros achados num maço na calçada, enrrugava ao contato com o líquido que maculava minha sobriedade como solvente em um quadro mal pintado. Os olhos cansados sobre as olheiras roxas apontavam para baixo insistentes, provavelmente admirando as manchas de sujeira na mesa como um teste de Rorschach, ou desviando-se para o lado, encarando minha auto-estima ao lado das solas dos meus sapatos gastos. Não tive interesse algum em saber, então, porque o barulho ininteligível das conversas ao redor cessou de repente.

Algo dentro de mim palpitou. Talvez uma faísca de curiosidade. Ou perceber que finalmente meu coração havia parado de bater e eu estava livre da desculpa esfarrapada de existir. Não foi o caso. Ela foi.

Usando toda a força que ainda restava nas pálpebras eu vi uma modelo de revista, uma atriz, a mais cobiçada do cinema, a mulher mais estonteante que já cheguei a pousar os olhos no mundo real. Caminhando para o balcão como se fosse dona do lugar. Como se soubesse que cada fracassado bêbado daquele boteco estava babando fora de sintonia por sua fenomenal figura feminina. É claro que ela sabia. E usou isso. Eu comecei a contar, acho que por diversão. Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete homens sentaram ao seu lado e tentaram cuspir alguma palavra inteligente e ela os derrubou como moscas. Ela estava se divertindo com aquilo, num tipo de humor doentio e cruel. O canto da minha boca esboçou a mais sinistra reação dos últimos oito anos, tremendo, repuxando e deformando-se na sombra de um sorriso sarcástico.

Baixei os olhos por alguns momentos e balancei a cabeça em negação. Pobres mortais. Era como pedir para uma deusa uma centelha de atenção e ter sua alma arrancada à força por aquele colosso erótico impiedoso. Ergui os olhos novamente e dobrei o cotovelo para mais um mergulho etílico, erguendo o copo até a boca, mas não consegui sorver sequer uma gota. Ela estava sentada à minha frente. Seu cheiro acertou minhas narinas com a violência de um caminhão em alta velocidade. Ela possuia o perfume inocente de uma manhã de outono. Sem que eu pudesse reagir ela deixou escorrer por entre os lascivos lábios a voz mais aveludada que eu já tinha escutado:
-Você sorriu para mim. Mas ao contrário dos outros o seu sorriso foi sincero. Veio da alma. Eu sinto sua essência vital clamar por socorro e mesmo assim expressar um sorriso de desejo, entorpecer sua mente com imagens sobre mim, visualizando e contextualizando minha boca em suas partes íntimas, minhas pernas envolvendo sua cintura enquanto você deleita a realização de um sonho impossível. Gosto quando as pessoas mais podres dessa cidade deixam as emoções transparecer através das simples ações prioritárias ao intercurso social. Considere este então seu dia de sorte, meu caro. Eu me interessei por você. Cortando direto ao assunto, responda-me: você tem algum lugar onde queira me levar ou prefere que seja no meu apartamento?

Baixei o copo e mordi de leve o lábio inferior. Tirei a mão esquerda do bolso e vagarosamente levei-a até o braço dela, apoiado cuidadosamente na mesa. Sua pele quente arrepiou sob o toque gélido de minhas pálidas mãos. Pisquei demoradamente e ousei olhar a deusa nos olhos, nas esferas cravejadas de esmeralda que ela mantinha num rosto impecável. Calculei premeditadamente o tom de voz e o timbre de minhas palavras. Respirei fundo e disse: "Cai fora, piranha. Eu gosto de beber sozinho.".

quinta-feira, janeiro 04, 2007

...e daí todo mundo vem pra mim e fala para eu não dizer nada. Que eu sou um esnobe egocêntrico que só mantém a mesma retórica sobre o quanto eu sou bom para caralho. Mentira! Eu não falo só sobre mim. Eu falo mal dos outros também! Sigo minha vida do jeito que eu quero. Do jeito que eu acho bacana. Não tenho culpa se o mundo é populado por idiotas. Não tenho culpa se 90% ou mais da população acha bonito assistir Faustão no domingo. Não é meu amigo, não fala comigo. E não vem querer pixar minha nobre figura quando você não me conhece. Restrinja-se ao seu cantinho padrão e morra sozinho.

Por que!? Como assim por que? Porque eu tenho que escutar merda daqueles que nem me conhecem. E nem comece com o papo que eles podem ter razão pois não tem. Não que eu seja perfeito ou que meus amigos e meu fechado círculo social sejam simplesmente a melhor coisa que já aconteceu no mundo, claro que não. A melhor coisa que aconteceu no mundo foi o Funk Carioca. Faça-me um favor, né? Somos sim mais inteligentes que vocês. Somos melhores. Somos tudo aquilo que você um dia sonhou em ser mas não teve bolas para conseguir. Nosso alto astral contínuo prova isso. Precisa de muita pedra para nos derrubar. E mesmo quando caímos, levantamos de imediato.

Então você quer ser parte disso tudo? Quer se olhar no espelho e ser um de nós. Ser uma pessoa que sabe o que quer, ser altivo e bem humorado, ser o centro das atenções nas festas e argumentar sobre todas as coisas com a convicção de um expert? Morra e tente novamente do começo. Não é para qualquer um e você não tem como entrar. A não ser que você seja o elo perdido entre a fina linha que separa o herói de um cadáver. E se você realmente é uma dessas pessoas raras, inteligentes, afiadas, que o mundo tanto precisa e que se destacam da população a milhas de distância, por que diabos você está lendo isso? Você já é um de nós afinal.

Morte, morte. Longa vida à vaidade intelectual.