segunda-feira, julho 20, 2009


Não é engraçado ter uma mulher que não tem dente na boca. E não é por falta de dinheiro ou educação, é simplesmente pelo fato de que ela não se importa. Põe um amendoin, põe um M&M, sei lá, qualquer coisa, mas tapa essa porra! Mostre pra ele que você é mais você ao invés de se auto-denominar alguém que precisa de um monte de símbolos e apelidos num site de relacionamento para ser alguém! É por isso que não existem homens interessantes no mundo. Pois eles não se importam mais! Eles sabem que você não se importa se ele é uma besta, se a qualidade de mais destaque em seu currículum social é saber arrotar o alfabeto. Não é a toa que eles vêem para mim e dizem as mais escatológicas asneiras do planeta, pois provavelmente fizeram isso para outra e ela beijou aquela boquinha imunda.

Como diria uma amiga, me colore que eu estou bege! Não são os homens que não prestam! SÃO VOCÊS! SOMOS NÓS! Hoje eu preciso viajar milhas para tentar encontrar um homem que não tenha sido maculado pela "asneiração histérica" provocada por uma cidade entupida até a boca de garotas que preferem lamber o balcão de um bar da Augusta a terem que ir pra casa sozinhas. Ah! E lamber de ponta a ponta. Mas isso é somente na procura pelo cara certo, pelo cara que vai me tirar do chão mais rápido do que menstruação repentina, que vai enfiar neste meu dedinho vazio um anel de diamante um dia. Certo? Não. Pois quando o cara certo aparece a coisa piora.

Cansei de dizer para vocês, para o espelho e até para quem não merece ouvir que queimar sutiã foi muito legal, mas passou. Aquela época de ter seis mil exigências para namorar foi legal para nos dar nosso status, então o que aconteceu com os princípios por traz dele?! Ou não queremos porque ele tem alguma coisa ínfima que a gente detesta ou qualquer cueca bem preenchida (e as vezes nem isso) preenche esse vazio ridículo que preenche nosso corpinho de pastel de feira.

Peço desculpas por gritar, me odeio por fazer tudo ao contrário do que eu deveria. Nem sei o que eu deveria. Sei que preciso me consertar. Preciso arrumar o cabelo e dar um jeito na maquiagem, abrir uns dois botões do vestido e respirar fundo. Resumindo, me fazer mais apresentãvel. Preparar meu estômago para mais bebida. Respirar fundo e sair daqui pois Não-Lembro-O-Nome-Dele está me esperando na sala.

Written by: Verônica Prata


...impossível! - grita, ao jogar o cinzeiro imaginário de vidro na parede e fingir que escuta os milhares de cacos caindo no chão. Ninguém ousara até então uma manobra destas. Ela é linda. Ela é engraçada. Por que raios ele não apareceu? Vestira seu confortável vestido preto, sexy, mas ainda assim com um ar despojado, cool, atraente para olhos conhecedores. Trouxe consigo para casa uma bela garrafa de vinho, sonhando imagens das infinitas possibilidades que a noite poderia criar, quando passou com ela pelo caixa. Por quê ele não veio? O que mais um homem poderia querer numa sexta feira à noite? Ele não tinha que trabalhar, ele não tinha mais o que fazer, ela o convidou, ele disse que viria. Ele não veio. São dez da noite e ele não veio.

Ela respira impaciente e soluça de repente com o primeiro gole do vinho, que nem percebeu que acabara de abrir. Um telefonema teria sido delicado. Chamar ela com aquela voz que ele faz no telefone e dizer que quebrou o carro, que não encontrou o bilhete único, que morreu. Qualquer desculpa seria aceitável. Qualquer farrapo de evidência que a afastasse desta idéia de que ele não a deseja. Que ele prefere seus outros afazeres do que estar nos braços dela, apertando o corpo contra seu ventre, mordendo seus lábios, explorando sua boca... uma tossida rápida sugere a possível resposta num e-mail! Ele pode ter enviado um e-mail. As pessoas se falam demais através da internet hoje. Um e-mail. Um recado no MSN. Evidências. Evidências por favor.

Ela esquece o copo sobre a mesa de centro, sem apoio, mesmo tendo a certeza prática que vai deixar uma marca em anel irreparável na madeira. Só se importa com a tela brilhante e a mensagem dele. Mentira. Ela sente prazer em agarrar o pescoço da garrafa apertado entre os dedos e ter certeza que pelo menos de sua bebida ela tem controle. Mas a noite piora. Sua língua empurra um gole seco para dentro da garganta quando lê seu nome, online, no sistema de mensagens instantâneas. Sequencia este com outro beijo no gargalo, até ferindo levemente seu lábio superior no invólucro da garrafa. Ela digita frenética e com erros de português a pergunta: o que você está fazendo em casa? Por que não veio?

Ele mente. Ela reclama. Ele diz coisas imaturas. Ela bebe. Ele sugere que ela faça um strip via webcam. Ela surta. Se separa de seu contato com tecnologia por um longo momento e sorve tudo o que consegue para abafar a gargalhada sádica que urra dentro dela, apontando o dedo e lembrando-a de coisas infelizes.

Quando volta para o computador reconhece um outro nome. Uma outra pessoa. Ela digita bêbada a esmo e espera uma resposta. Esta demora, mas quando chega é como um bilhete só de ida, para um lugar melhor. Ela sorri. Este outro pede para ela ligar e contrariando tudo que acredita, ela liga. É tarde da noite mas a voz dele ressoa como...