segunda-feira, novembro 02, 2009


É a falta de comentário desnecessário que me faz pensar que o mundo não foi feito para pessoas como eu. É saber que é quase uma impossibilidade matemática encontrar um homem com o quesito "macho" e o lance "carinhoso" na mesma pessoa. É saber que é estético eu beijar outra mulher mas quando o cara diz que gosta de ser "invadido" me causar aquela ânsia costumeira de uma noite cheia de tequila.

Não é a falta do beijo incandescente ou ainda o fato de eu estar a milhas de distância do cara que eu realmente deveria - por razões X - estar com. Ou ainda pela incompetência ideológica de ser exata e ainda assim plausível a decisão de ficar com quem eu, como menina carente que mamãe criou, na verdade não gosto. Por mais que ele tenha seus surreais motivos de me tratar como ninguém nunca ousou e querer, no âmago da espécie feminina que sou, que ele continue assim mas com um toque de sazón que pouquíssimos homens, desculpe, pouquíssimos seres portadores de pênis possuem. Não basta ser macho, não basta ter o devaneio contínuo da incontingência testosterônica pós adolescente, tem que ser "homi".

É como entrar na Bloomingdales com 50 mil dólares na conta e não encontrar nada que me apeteça. É querer estar na Renner do shopping Morumbi com 100 paus e comprar aquela blusinha que é a sua cara. Ela não vai me levar pra jantar, ela não vai me trazer orgasmos múltiplos, mas ela vai encaixar nesse corpinho que eu custo manter, como uma luva na mão do Edward Scissor Hands. So fucking perfect you can twitt about it.

Dá-se então toda a vibração de escrever sobre o que não deveria ser escrito. De ter a certeza incerta de querer um cara que faça terapia mas não que precise dela. Afinal, aquele beijo que a gente lembra - mesmo - não foi produzido pelo dono do Porsche, pelo cabeludo de corrente no pescoço ou ainda pelo aluno de intercâmbio mexicano que tinha um "membro" do tamanho e espessura de um tubo de rímel - dos baratinhos - mas sim, por aquele cretino que um dia apareceu na nossa vida e a gente não encontra uma razão coerente para não ter rolado nada além dum affair simpático.

É por isso que eu insisto que o melhor adjetivo para um relacionamento é o "confortável". Não é demais, não é over, tá longe de ser uma bosta, mas é confortável. Ele não me domina, mas também não me destrói, mas também não me leva ao firmamento erótico, mas também não repete o meu "mas também". Ele é OK, ele é crível, ele é realista sem ser fucked-up, ele é como cozinhar com o Jamie Oliver: nada muito complexo, mas precisa ter uma certa noção do que tá fazendo.

Vivendo então essa vida metafórica - e por vezes até eufórica - que minha paranóia incansável reclama solene das péssimas escolhas que eu fiz na vida. Sou over, sou inconsequente, devia ter tido decisões melhores, mas sou mulher e isso explica tudo. Ponto. Não gostou? Pega a senha.

Written by: Verônica Prata, inspired by posts of @lini on Twitter.