segunda-feira, janeiro 24, 2011

A primeira vez que eu li num livro sobre uma personagem que era casada, tinha um amante, o marido sabia e a opinião dele era "já que nem a natureza consegue separar a atração desses dois, eu deixo ela fazer o que tem de fazer e mantenho minha esposa." eu achei patético. Impossível existir duas pessoas que possuem tamanha atração entre si próprios e não ficarem juntos. Claro, se você pensar em guerras, países diferentes, traumas de infância ou coisa do tipo, fica até plausível, porém, tais personagens moram na mesma cidade, têm vidas normais, são pessoas normais. E na cabeça da mulher, ela mesma diz que seu marido é o amor da sua vida, é o cara que ela quer envelhecer do lado, mas o outro é um amor inconsequênte, ouso dizer diferente, é uma atração sem explicação plausível, um magnetismo absurdo que já existe há tempos. Seu amante não é um cara bonito ou mesmo super atraente e certamente não é carinhoso e prestativo, mas é brilhante, rápido e possui uma força mental, um foco em seu trabalho que são irredutíveis. Eles não iriam jamais conseguir ter uma vida feliz e dentro do padrão social como um casal normal. São muito diferentes para isso. Mas todas as vezes que se encontram, aquela vibração incógnita urge por algo que poderia deixar psicólogos dementes.

Isso não existe na vida real. Eles são personagens de um livro. Isso até eu conhecer uma garota.

Então eu paro para me perguntar por que diabos quando eu a encontro eu me sinto assim. Eu perco o controle, a identidade, a fé. Ela é tudo o que cruza minha mente como uma corrente elétrica de milhares de volts. Meu coração dispara e meus nervos à flor da pele querem muito mais do que simplesmente envolvê-la. Eu quero machucá-la só para poder cuidar depois. Eu quero respirá-la. Eu quero fazer parte dela. Eu queria entender a reação química que flui dentro do meu corpo e me tira do sério. Eu quero não ter a ciência de que não pertencemos um ao outro, de que parece ser impossível formarmos algo duradouro.

Fato, o mundo jamais irá permitir que fiquemos juntos.
Fato, eu a amo mais do que um dia conseguirei compreender.